quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Conselho de irmã mais velha

 Se eu pudesse, faria você entender que eu já andei por muitos caminhos, já tropecei em muitas pedras, se eu falo é pra não te ver cair. Se eu pudesse colocar dentro da sua cabeça que você pode evitar ter a mesma dor que a minha, basta trilhar para o lado de lá, basta saber que sapato usar. Se eu pudesse te obrigaria a sair sempre com um casaco, se por acaso fizesse frio. Se você acreditasse na minha imatura experiência, não passaria o dia inteiro em frente à televisão, andaria sempre com um livro na mão. Se eu pudesse, te faria entender que o perigo não é dobrar na esquina errada, o perigo é perder-se de si mesma. O perigo é calar seus sonhos, afundar-se dentro de vontades alheias e esquecer-se de viver. O perigo é não viver. Se eu pudesse, te provaria que não existe bicho papão. Mas existem tantos outros bichos, piores até, que também gostam de pertubar nosso sono. A vida passa mais rápido do que... Passou. A vida passa mais rápido do que o instante que você pára pra pensar em algo tão rápido quanto a vida. Queria conseguir te explicar do quanto você tem sorte em habitar, atualmente, a melhor fase. Ainda pensando que a maior dor é arrancar um dente de leite. Ainda pensando que o maior problema é quando Papai Noel erra seu presente. Ainda achando que o assunto mais difícil da vida é multiplicação. Se eu pudesse te ensinaria todas as coisas que você gostaria de aprender e te falaria de todos os livros que eu queria ler. Se eu pudesse deitava toda noite com você. Largaria todas as apostilas inúteis que eu tenho que ler, pra ver sua apresentação do inglês. Se eu conseguisse, te contaria todas as fórmulas da felicidade, mas desconheço-as. Se eu pudesse descobriria todos os segredos da vida e correria pra te contar, só pra você não se preocupar, só pra você não se chatear. Mas não posso. 

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