sábado, 28 de abril de 2012

O vento soprou forte

  E eu, que sempre cobrei que as pessoas falassem o que sentem, não consigo falar nada. Ainda que eu fale alguma coisa, nada direi, embora muito sinta, embora nada queira sentir. Do nada ao tudo, do tudo ao nada. Viva a coragem que as pessoas têm de sumir. Viva o encanto que se desmancha rapidamente como uma nuvem de fumaça, e o fogo que se apaga com um suave balde de água fria. A fogueira de São João nem durou até junho. E com essa saudade, nem eu vou durar.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Uma mente em branco

  Hoje não quero falar nada, por total respeito à todas as mentes que, assim como a minha, recebem um bombardeio de informações durante 24 horas por dia. Hoje decidi ficar calada, porque o mundo estava me deixando surda, a ponto de não conseguir ouvir minhas próprias ideias. É que o silêncio, às vezes, é um alívio. E já que não posso calar o mundo, me calei. Desejo um dia de puro silêncio pra você.

Deixa eu falar

Não me levem a mal,

Só quero ser feliz.

Nesse mundo marginal,

Não mando nem no meu nariz.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Voltei, é rápido.

  Por alguns dias pensei que não ia mais ver minha mão deslizar pelo papel, fazendo as dores saírem de mim. Estava longe, fugindo, entendem? Estava com medo. Esse tempo que sumi passei observando o comportamento humano, (inclusive o meu, embora eu não me sinta participante dessa espécie)e comecei a desacreditar na arte de escrever, como se o mundo não merecesse essa dádiva. Me subiu uma raiva, ocupando todas as extremidades do meu corpo, por conta da forma que as pessoas recebem as palavras. O planeta agora é numérico. Fico revoltada  pela reação que as pessoas têm (inclusive eu) ao ver alguém muito bom em física e matemática, ou alguma outra matéria que exija cálculos. Ano passado não deu tempo de me parabenizarem pelo 10 que eu tirei em redação, porque a nota, mediana, de física vinha logo embaixo e eu era rapidamente punida. "Como você vai sobreviver se não é boa em matemática?", era o que me perguntavam. E, se o mundo continuar indo por esse caminho, realmente não sei qual será minha saída. Mas acabei de sentir o cheiro da ponta da grafite, ao entrar em contato com o papel, que tem um cheiro tão convidativo quanto um bolo ao sair do forno, e lembrei-me de como irei sobreviver.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um

(Foto por: Mariana Barreto)
  
  Não quero! Ao menos que venha logo. Não tenho mais disposição alguma pra esperar. Perdi a paciência com sentimentos que demoram. Adeus fraqueza! Estou com preguiça de sentir qualquer tipo de sensação que desequilibre a minha mente. Por isso a desistência, entende? Por isso a rebeldia, o descabelamento. Pura covardia. Nós não sabemos sofrer, não sabemos lidar com esse mar furioso de desentendimentos. Recusamos a oportunidade que o destino nos deu de ser feliz. Desperdiçamos a sorte que tínhamos de poder ser uma só pessoa. Éramos um. E um, pra mim, sempre foi muito pouco. Um está mais perto de zero do quê de dez. Viramos a inexistência, nos tornamos vazios. Eu sem você, você sem mim, a gente sem nós. Virou um nó, o que era um laço.

Felicidade foi embora

(Foto por: Mariana Barreto)
  
  Você nem esperou! Saiu logo voando ao sentir minha aproximação. Foi de propósito? Juro que não queria te machucar. Te assustei sem querer ao querer te ver. Era só para ouvir um pouco mais do seu doce canto. Essa noite não foi boa e quase perdi meu encanto. Encanto esse que eu não faço ideia alguma se realmente me pertence. Quem é encantado deve guardar sua magia para si ou distribuir por ai? Eu queria tanto um pouco mais do seu som, pra despertar meu coração, que já cansou de ouvir 'não' e, ao te ouvir cantar, disse 'sim' à vida. Pra onde você vai, voando tão depressa? Está perdido? Me sinto exatamente assim, meu caro: com uma pressa infinita de encontrar um lugar só pra mim. Me leva com você! Quero sossego! Felicidade tornou-se pouco para mim. Quero muito mais. E já não me importa a eternidade. Me eternizei em mim.

(Para o passarinho que cantou hoje na minha janela e me proporcionou cinco segundos de extrema alegria)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dá licença!

(Foto por: Mariana Barreto)
  
  Não faço questão alguma de ser vista por você, que passa por mim com uma pressa sem fim. Que anda mais rápido, apressa o passo, para não tombar-se com o meu desprezo. Saiba que nem te noto. Mal tenho tempo para olhar as horas no relógio, quem dirá olhar para os seus olhos. Seria perigoso, pois sempre me perco no vazio do seu vago olhar. Será que tem alguma vaga para estacionar em sua rua? Que é sem saída e me deixa perdida, sem a menor pretensão de me encontrar. E eu, que achava que ia te acompanhar, fiquei de longe, vendo você se afastar.