sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Pelo seu dente canino

  Mataram o jardim que havia em sua alma, desencantaram o brilho dos seus sonhos. Como um tiro no peito. Um rasgo profundo no dedo. A mão direita amputada. Que tipo de monstro pisa em cima da asa de um passarinho que mal sabe voar? Que tipo de pessoa arranca da outra a coragem de amar? Ninguém tem esse direito. Eu te imploro, volte! Por você, pelo mundo. Por favor! Preciso que sua alma floresça novamente. Não sei como te convencer, só sei que o mundo já é escuro demais e não podemos abrir mão de um brilho como o seu. Eu não consigo aceitar. Eu não posso. Desculpe-me por estar cuspindo minha indignação, mas meu desespero me corrói. O desespero de também ter medo. Medo do meu jardim também secar. Medo da minha coragem se esvair e eu não querer mais amar. Medo do perfume acabar. Não podemos sossegar assim, aceitar mais um corte no nosso coração de vidro. Não queremos mais viver assim, sem nenhum suporte e sem ser ouvido. A festa acabou. O circo fechou. O palhaço se aposentou, ainda no início da carreira. A solidão, às vezes, é a melhor escolha, é a melhor saída. Mas não temos para onde fugir. Quem nasceu pra amar sempre arranja um fio de coragem do fundo da alma. É instinto.

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