domingo, 17 de junho de 2012

Uma viagem rápida

   Lamento. Foi a única palavra que apareceu na minha mente agora. Respirei. Respirei mais uma vez. Há tempos tinha parado de notar em como respirar é lindo. Meus olhos estavam olhando ao redor, procurando-me. Desejo-me de volta. Minha alma implorou o meu retorno. E eu voltei, correndo, perdida. Esquecida. Esqueceram de mim no meio do caminho, na beira da estrada. Morrendo de sede. Não me falaram que a viagem era curta. Pensei que íamos de foguete, já estava sonhando até com a lua. Mas me enganei e o engano é cruel, na maioria dos casos. Foi por acaso que subi nesse trem, não sabia nem pra onde ia. E o maquinista não me avisou que alguns lugares estavam sem trilho. Tive que descer, ainda com o trem em movimento. Sem querer admitir que a viagem estava sendo ótima e que por mim eu continuaria lá. Não pude falar nada, claro. Seria fraqueza demais admitir isso assim, na cara do motorista, com todos os outros passageiros me olhando. Minha cara devia estar ótima, devia ser uma daquelas que eu faço ao me despedir de algo que me apeguei e não consigo largar. Mas também não sei dizer que quero ficar. Tive que sair andando, acenando com uma das mãos o adeus que eu não queria dar. Ainda me restava o livro. Uma luz no fim do túnel. Não andei mais naquela rua, era perigoso demais. Em todos os sentidos. Mas o perigo era imenso, em qualquer parte do mundo. Agora eu estava sozinha e as luzes da cidade não conseguiam clarear tamanha escuridão. Os meus pés já nem sabiam para onde queriam ir. Eu sabia. Exatamente, com todas as letras e os mínimos detalhes. Sabia de cor e salteado. Sabia de todas as formas, de todas a maneiras. Tinha o mapa gravado na minha cabeça. Mas agora eu estava longe e já era tarde demais. Lamento.

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