quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Por falar em amor...

  O vento passou na hora exata. O vento, finalmente, soprou para o lado certo. E nada mais incerto que o meu desejo. E sem pena me despeço das minhas doutrinas falhas. Com o sorriso estampado na cara, imaginando mil histórias, escrevendo na mente, cada segundo que ia passando lentamente. O vento soprou mais forte, fazendo subir o cheiro da rebeldia, o cheiro dos mesmos desejos, que se encontravam no ar e se cruzavam. O cheiro da lembrança que eu me recuso a esquecer. O meu coração não vai ceder. Não dessa vez. Quem sabe daqui a uns cinco minutos, quem sabe só até você piscar o olho outra vez. Quem sabe? Você sabia. E em menos de um segundo virou meu mundo. De cabeça pra baixo. Como se desse um laço num toureiro perdido, em cima de um boi bandido. E eu ri de mim. Tão convicta da minha auto-defesa, percebi que tentar me defender era inútil. Meio sem jeito, avisei ao medo pra voltar mais tarde. Não era hora. Nunca é hora. O medo é um segredo. E amar é um descarrego. Amar é pura coragem, é um ato nobre de quem se descobre. Mas nunca descobre o mistério que é se descobrir em alguém, que não é ninguém até se descobrir também, no outro, e finalmente amar. Amar é a entrega. De uma carta, de um bilhete, de um presente, de uma vida. O amor é uma ferida. Prazerosa. É o fogo queimando o estômago, é o roer da unha. O amor é o choro ardente por quem está ausente, é o beijo pra passar a dor de dente. É tudo que já foi vivido e não será esquecido. Amar é não esquecer. O amor é tudo aquilo que não sabemos dizer.

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