domingo, 1 de julho de 2012

Último texto com 16 anos

  Estou correndo contra o tempo, porque daqui a pouco é meu aniversário, já passou das 23h do dia 1° de Julho e eu quero fazer meu último texto com 16 anos. Dia 2. Eu, sempre par. Procurando um complemento pra tudo. Ou querendo tudo em dobro. Eu sempre quero a mais.  Acabei de me tocar que eu realmente me encaixo perfeitamente nessa data. Dois. Eu, que sempre procurei alguém, mas nunca me encontrei. Eu, que sempre reclamo que o mundo anda muito incompleto, no fundo, no fundo, não tenho ideia do que seria meu real complemento. Passo a vida buscando o que acrescentar em mim. Talvez nunca ache, porque a graça é estar perdido e encontrar-se tornaria a vida sem objetivo algum. Embora eu seja uma louca apaixonada por encontros, desses que não programamos, nem imaginamos, mas amamos. Dois de Julho. Uma das datas que mais mechem com o meu emocional frágil. Independência da Bahia. Liberdade. Eu, que nasci com a certeza de que sou uma borboleta. Que bato asas pelo mundo e vou com o coração apertado, olhando para trás, com o vento batendo contra as minhas asinhas pequenas. Voando, com a certeza de que estou cada vez mais próxima de chegar ao meu castelo encantado. Mas o tempo está me enganando. Dezessete anos é uma idade muito pesada. Agora minhas lágrimas escorrem, ao notar que o tempo passa rápido demais, mesmo contra nossa vontade. Me lembro quando eu fiz 15 anos e desejei que aquele momento nunca acabasse. Mas acabou, assim como outros milhares de momentos que eu implorei ao mundo que parasse, que eu implorei por piedade. Desacelerem, por favor. Porque eu vou em uma velocidade um pouco menor, que é pra dar tempo de sentir o cheiro de todas as flores que eu encontro pelo caminho. Olhem todas essas flores! Duvido que alguém já tenha ouvido as histórias que elas têm pra contar. Assim como eu, ninguém nunca ouviu todas as minhas histórias. Nem queiram. Hoje, quase com dezessete anos, 189 anos depois da Independência, sinto que agora chegou a minha vez. Independência ou independência. Não tenho escolha. Assim como abandonei o útero de minha mãe, abandono esse casulo, na esperança de voar ainda mais alto. Quero voar o dobro, afinal, tenho duas asas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário