quinta-feira, 31 de maio de 2012

O lindo portão azul

  Estava perdida, acredita? Ainda estou, mas já não faz diferença. Descobri que a minha vida inteira passei me procurando. (Deus me livre de me encontrar.) Notei as minhas pernas indo por um caminho que eu não conhecia mas, ao mesmo tempo, parecia ser familiar. E fui, confiando, sem saber aonde ia dar, sabendo que queria chegar. A pressa não existia, o tempo nos deu um tempo pra respirar melhor e sentir cada gesto, por mais simples que fosse. Porque era lindo ali, meu Deus, como era lindo! E os meus olhos há muito tempo não tinham visto coisa tão singular. O cheiro de cada móvel foi se alastrando pelos meus pulmões e a cor de cada quadro da parede fez meu coração bater mais forte. Fui observando cada centímetro daquele espaço único, como se eu vivesse ali há anos, como se tudo fosse apenas os meus sonhos se realizando, como se eu sempre fizesse parte daquele contexto. Cada cantinho parecia ser feito de um pó mágico, provavelmente o mesmo usado em castelos de príncipes e princesas. A cada segundo que se passava eu me convencia ainda mais de que a vida pode ser doce. As árvores do lado de fora traziam vida, para mim, que da vida pouco entendia, que não queria entender, que queria se esconder. E fugindo cheguei aonde eu queria, sem saber que podia, sem saber que existia. Enfim doce. Para uma alma quase amarga.

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